O Realismo, movimento literário que floresceu na segunda metade do século XIX, buscou retratar a realidade de forma objetiva, distanciando-se do idealismo romântico. No Brasil, o Realismo manifestou-se com características próprias, influenciado pelas transformações sociais e políticas do período. A identificação de "são exemplos de obras literárias realistas brasileiras:" é crucial para compreender a evolução da literatura nacional e suas nuances dentro do contexto histórico e social. Este artigo visa apresentar alguns exemplos notáveis, explorando suas características marcantes e significância cultural.

Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)

Publicado em 1881, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é considerado um marco inicial do Realismo no Brasil. A obra subverte as convenções românticas ao apresentar um narrador defunto que, com ironia e pessimismo, analisa a sociedade da época e a própria existência. A crítica social, a análise psicológica dos personagens e a linguagem inovadora são elementos que caracterizam a estética realista do romance.

Dom Casmurro (Machado de Assis)

Outra obra emblemática de Machado de Assis, "Dom Casmurro" (1899) explora a temática do adultério sob a perspectiva do narrador-personagem, Bentinho. A narrativa ambígua e a incerteza sobre a traição de Capitu refletem a complexidade da condição humana e a relatividade da verdade, traços característicos do Realismo. A obra também oferece um retrato da sociedade burguesa carioca do século XIX.

O Cortiço (Aluísio Azevedo)

Aluísio Azevedo, com "O Cortiço" (1890), leva o Realismo ao Naturalismo, corrente que radicaliza a objetividade e o determinismo. A obra retrata a vida em um cortiço no Rio de Janeiro, expondo a influência do meio ambiente e da hereditariedade sobre o comportamento humano. A exploração da degradação social, da miséria e da animalização dos personagens são marcas do Naturalismo presentes no livro.

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Casa de Pensão (Aluísio Azevedo)

Anterior a O Cortiço (1884), Casa de Pensão também expõe a face crua da sociedade carioca, especialmente através da história de Amâncio, um jovem estudante que se envolve em intrigas e é vítima de um crime passional dentro da pensão de João Romão. A obra demonstra, assim como O Cortiço, o estilo naturalista de Aluísio Azevedo e sua forte crítica social.

Embora a crítica à burguesia seja um tema recorrente, o Realismo brasileiro também abordou outras questões sociais, como a escravidão (em obras como "Escrava Isaura" de Bernardo Guimarães, embora esta possua traços românticos, sua denúncia social prenuncia elementos realistas) e a situação dos marginalizados. A crítica social se estende para além da burguesia, buscando uma representação mais abrangente da realidade.

O Naturalismo é considerado uma radicalização do Realismo. Enquanto o Realismo busca uma representação objetiva da realidade, o Naturalismo enfatiza a influência do determinismo biológico e social sobre o comportamento humano, explorando temas como a miséria, a violência e a degradação social de forma mais intensa. As obras naturalistas tendem a apresentar personagens mais animalizados e focam nos aspectos mais sórdidos da sociedade.

Machado de Assis é considerado o maior representante do Realismo no Brasil devido à sua capacidade de realizar uma análise profunda da psicologia humana, combinada com uma crítica social incisiva e uma linguagem inovadora. Suas obras, como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro", exploram a complexidade da condição humana, a relatividade da verdade e as hipocrisias da sociedade burguesa de forma original e sofisticada.

Embora influenciado pelo Realismo europeu, o Realismo brasileiro apresenta características próprias, como a forte crítica social à escravidão e à desigualdade social, a preocupação com a formação da identidade nacional e a incorporação de elementos da cultura brasileira, como o folclore e as tradições populares. Machado de Assis, em particular, desenvolveu um estilo próprio, marcado pela ironia, pelo pessimismo e pela análise psicológica dos personagens.

O estudo das obras realistas brasileiras continua relevante no contexto atual, pois oferece um retrato crítico da sociedade brasileira do século XIX, que ainda ressoa em muitos aspectos da realidade contemporânea. A análise da desigualdade social, da corrupção, do preconceito e da exploração presentes nessas obras permite uma reflexão sobre os desafios do presente e a busca por um futuro mais justo e igualitário.

Além das obras já mencionadas, outros exemplos notáveis de obras realistas brasileiras incluem "A Mão e a Luva" e "Quincas Borba" de Machado de Assis, "Bom-Crioulo" de Adolfo Caminha (considerado um romance naturalista com forte crítica social) e algumas obras de Raul Pompeia, como "O Ateneu", que embora possua elementos de transição, carrega traços realistas na representação da sociedade escolar e suas dinâmicas de poder.

Em suma, "são exemplos de obras literárias realistas brasileiras:" fundamentais para a compreensão da identidade nacional e da evolução da literatura brasileira. A análise dessas obras oferece insights valiosos sobre os desafios e as contradições da sociedade brasileira, contribuindo para uma reflexão crítica sobre o presente e para a construção de um futuro mais justo e igualitário. O estudo aprofundado dessas obras, considerando seus contextos históricos, sociais e estéticos, é essencial para estudantes, educadores e pesquisadores interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre a literatura brasileira e sua relevância cultural.